
A origem da colagem na arquitetura está profundamente ligada à história da arte moderna e à transformação das linguagens visuais no século XX. Assim como nas artes plásticas, a colagem surgiu como uma ferramenta de experimentação, ruptura e expressão criativa. Na arquitetura, ela passou a representar um modo de pensar o espaço de forma fragmentada, simbólica e crítica, desafiando os limites da representação tradicional.
Ao longo das décadas, a origem da colagem na arquitetura revelou novas possibilidades de criação — tanto no processo de concepção quanto na forma de comunicar ideias e sensações espaciais. Entender essa origem é compreender uma das maiores revoluções visuais do design arquitetônico contemporâneo.
O conceito de colagem e suas origens artísticas
Antes de abordar diretamente a origem da colagem na arquitetura, é importante compreender como a técnica surgiu nas artes visuais. O termo “colagem” deriva do francês coller, que significa “colar”. A técnica consiste em unir diferentes elementos — papéis, fotografias, tecidos, textos e outros materiais — em uma única composição visual.
A colagem nasceu oficialmente no início do século XX, com os artistas Georges Braque e Pablo Picasso, criadores do Cubismo. Eles passaram a incorporar recortes de jornais, pedaços de madeira e fragmentos de papel em suas pinturas, rompendo com a ideia de representação realista. Essa prática deu origem a uma nova linguagem artística: o diálogo entre o real e o imaginário, entre o material e o conceitual.
A partir desse momento, a colagem se tornou um dos pilares das vanguardas europeias, sendo adotada por movimentos como o Dadaísmo e o Surrealismo, que viam nela uma forma de questionar a lógica e a ordem estabelecida. Essa herança estética influenciou diretamente a origem da colagem na arquitetura, trazendo novas formas de pensar e representar o espaço.
A transição da colagem artística para a arquitetura
A origem da colagem na arquitetura começa a se consolidar nas décadas de 1920 e 1930, quando arquitetos e artistas passaram a usar a técnica para explorar a composição espacial de forma mais experimental. No contexto das escolas de arte e design da época — como a Bauhaus, na Alemanha —, a colagem foi incorporada como ferramenta de aprendizado visual.
Arquitetos como Le Corbusier e Theo van Doesburg utilizaram princípios similares em seus estudos compositivos, ainda que não necessariamente chamassem de “colagem”. O ato de sobrepor formas, cores e texturas para gerar harmonia ou contraste refletia o mesmo espírito das experiências artísticas cubistas e construtivistas.
Na origem da colagem na arquitetura, a técnica não era apenas um exercício gráfico, mas um meio de investigar relações espaciais, proporções e narrativas visuais. Por meio dela, os arquitetos começaram a representar o espaço de maneira mais livre, subjetiva e poética, abrindo caminho para novas formas de expressão arquitetônica.
O papel dos anos 1950 e 1960 na consolidação da colagem arquitetônica
As décadas de 1950 e 1960 foram fundamentais para o fortalecimento da origem da colagem na arquitetura como linguagem autônoma. Esse período foi marcado pelo questionamento dos modelos modernistas e pelo surgimento de novas correntes teóricas que buscavam romper com o racionalismo funcionalista.
Nesse contexto, grupos e arquitetos começaram a utilizar a colagem como instrumento de crítica cultural e urbana. O coletivo britânico Archigram, por exemplo, tornou-se referência ao empregar colagens coloridas e provocativas para imaginar cidades futuristas e móveis. Suas composições misturavam fotografias, desenhos e elementos gráficos de revistas populares, criando uma estética vibrante e revolucionária.
Através da colagem, o Archigram propunha uma visão de cidade como organismo dinâmico, flexível e tecnológico. Essa abordagem marcou um ponto de virada na origem da colagem na arquitetura, pois transformou a técnica em uma ferramenta de pensamento — não apenas de representação.
Colin Rowe e a colagem como conceito teórico
Paralelamente, o crítico e teórico Colin Rowe, em parceria com Fred Koetter, publicou em 1978 o livro Collage City. Nessa obra, eles reinterpretaram a origem da colagem na arquitetura como um método de composição urbana. Para Rowe, a cidade contemporânea não deveria ser vista como um projeto homogêneo e racional, mas como uma sobreposição de tempos, estilos e fragmentos — exatamente como uma colagem.
A metáfora da colagem passou a simbolizar a pluralidade urbana e o diálogo entre passado e presente. Essa visão influenciou gerações de arquitetos e urbanistas, consolidando a técnica como um modo de pensar o espaço híbrido e de refletir sobre a complexidade das cidades modernas.
A colagem como ferramenta de representação e projeto
Na prática arquitetônica, a origem da colagem na arquitetura também está associada à representação visual e à comunicação de ideias. Diferente dos desenhos técnicos e das maquetes, a colagem permite expressar atmosferas, sensações e narrativas que o traço convencional não alcança.
Com o avanço das tecnologias digitais, essa prática se expandiu ainda mais. Hoje, softwares de modelagem 3D e edição de imagem incorporam o conceito da colagem como base para a criação de renders conceituais e painéis de apresentação. Assim, a técnica que nasceu com recortes de papel ganhou novas dimensões no ambiente digital.
Arquitetos contemporâneos utilizam colagens digitais para testar hipóteses, explorar combinações de materiais e visualizar a interação entre volumes e paisagens. Essa abordagem reflete o mesmo espírito experimental que marcou a origem da colagem na arquitetura no início do século XX.
A colagem como expressão poética e crítica na arquitetura contemporânea
A origem da colagem na arquitetura continua a inspirar profissionais e estudantes ao redor do mundo. Em tempos de globalização e sobrecarga visual, a colagem surge como uma forma de organizar o caos estético das cidades, transformando fragmentos desconexos em novas narrativas visuais.
Arquitetos contemporâneos, como os coletivos Dogma, OMA e Assemble Studio, utilizam colagens para expressar visões críticas sobre o espaço urbano, a habitação e a cultura digital. Em muitos casos, as colagens se tornam verdadeiras obras de arte, questionando o papel da arquitetura como representação e como discurso.
A colagem entre a arte e o projeto
Hoje, a fronteira entre arte e arquitetura é cada vez mais tênue — e a colagem é um dos principais instrumentos dessa transição. Ela permite combinar imagens históricas, referências culturais e elementos futuristas em composições que vão além da técnica.
Através da colagem, o arquiteto se torna também um curador visual, selecionando fragmentos que expressam ideias, valores e emoções. Essa dimensão artística, presente desde a origem da colagem na arquitetura, é o que faz da técnica uma ferramenta atemporal e relevante.
Conclusão
A origem da colagem na arquitetura revela muito mais do que um método de representação: trata-se de uma filosofia criativa. Desde o Cubismo até o urbanismo contemporâneo, a colagem transformou a maneira como arquitetos pensam o espaço, o tempo e a imagem.
Ela nasceu da arte, mas encontrou na arquitetura um campo fértil para explorar contradições, diálogos e possibilidades. Hoje, a colagem permanece como uma linguagem essencial, capaz de unir o pensamento racional da construção ao imaginário poético da criação.
Assim, compreender a origem da colagem na arquitetura é entender a própria evolução do pensamento arquitetônico moderno — uma trajetória onde o fragmento se torna totalidade e a mistura se transforma em beleza.





